terça-feira, 4 de agosto de 2015

Somos muito facilmente iludíveis...sempre.




Não sou fã de esportes violentos, muito menos da febre do momento, o MMA, mas quando vi a luta da brasileira Bethe Correia e a americana Ronda Rousley e a saraivada de provocações envolvendo ambas, sim as duas se provocaram amplamente, fiquei até de madrugada esperando para ver o desfecho. Já imaginava, pelo histórico, que a americana levava vantagem, já imaginava, pelas palavras ditas, que se Bethe perdesse, seria muito, mas muito criticada, eu não me enganei na conclusão, infelizmente.
O que continuo vendo mesmo, com pesar, é como os brasileiros comuns se iludem facilmente com demonstrações vazias de "humildade", oh como o povo detesta os "arrogantes"..."ela mereceu perder, foi muito arrogante..." ora, o que o povo não perdoa mesmo é ver alguém querendo desafiar os grandes, os soberanos, alguém que mesmo em desvantagem, acredita em seu potencial e não tem medo de dizer, "estou aqui, estou te desafiando..." já vi isso em diversos setores, na música, na política, nas várias facetas da humanidade...e ah como o povo adora uma campeão "humilde", principalmente se for estadunidense e tiver olhos azuis...infelizmente o povo não aprende...e os estrangeiros sabem muito disso e tiram proveito...é praxe, vencer aqui e depois gritar " I love Brazil", nossa, será que ama mesmo?
 
Eu desconfio na hora, pois é muito fácil dizer que ama o Brasil de longe, numa viagem, com data para voltar, sem compartilhar de sua rotina complexa, de seu cotidiano estressante, de sua violência crônica, de sua desigualdade cruel...qualquer um diz que ama o Brasil estando hospedado em um hotel cinco estrelas e cercado de seguranças, mas que ninguém se iluda, na hora crucial o estrangeiro correrá e dará a vida por sua pátria, não pelo Brasil...e principalmente se esse estrangeiro for dos Estados Unidos...
 
Eu vi mais sinceridade, nas palavras da desafiante, que disse, "sei que muitos não gostam de mim, mas estarei lutando por todos os brasileiros..." é claro que ela também queria a glória pessoal e derrotar a americana seria um feito histórico, porém só sendo um brasileiro de verdade, sabendo das dificuldades, vivendo na terra que muitas vezes é tão cruel com seus próprios filhos, é que se pode verdadeiramente dizer " Eu amo o Brasil..."
 
O povo brasileiro deveria, com tantas quedas, aprender a ver que o Brasil é como uma família problemática, cheia de conflitos e que de repente recebe aquele visitante carinhoso, meigo e cheio de amor para dar, mas que na hora dos problemas vai embora e quem fica para acudir...a família complicada...mas ainda somos um povo de autoestima baixíssima, nos desvalorizamos e quem se desvaloriza, quem não se ama, se ilude com qualquer sorriso, somos ainda facilmente muito iludíveis, sempre!

domingo, 5 de julho de 2015

Como será o amanhã?





É visto todos os dias com perplexidade o tamanho do caos que nos rodeia. Em tempos de presidentes, da maior potência do mundo ser negro e da sétima economia do mundo ser mulher, vemos comentários de racismo  e machismo que me faz lembrar, quando estudava história no ensino médio, da Idade Média. 

O pior de tudo não é isso, mas é ter pessoas ditas esclarecidas que tentam justificar tamanho retrocesso. Inimaginável !
Vivemos uma onda que iludidamente pensei que já não existia, ou que pelo menos fosse pequena, insignificante, pensei que hordas racistas no mundo tinham sucumbido na Segunda Guerra Mundial com a derrota do Nazi-fascismo ou com o fim do Apartheid na África do Sul, porém ao ver na internet os comentários sobre a nova garota do tempo do Jornal Nacional ser negra e ver as palavras absurdas que proferiram gratuitamente contra ela, vejo que este momento não acabou e me preocupa. 

Sem contar com as fotografias da presidente sendo estuprada por uma bomba de gasolina...é de uma grosseria que ultrapassa todos os limites da decência...é bestial, horrendo...e isso em tempos de Maria da Penha, de tantas políticas públicas voltadas para as mulheres e de tantas mulheres ocuparem postos de grande importância no planeta.

A única pergunta que não sai da minha mente é esta: qual é o problema dessa gente? Que ameaça uma mulher, negra ou não, pode causar? Por que certos homens ao ver por exemplo, fatores que revelam apenas problemas de ordem administrativa ou política, presentes em homens e mulheres, quando se trata de uma mulher, merece logo ser humilhada em sua sexualidade? E mesmo não havendo problemas, o fato de uma mulher ser negra e estar ocupando um posto importante já merece desses mesmos seres os mesmos comentários de cunho sexual ou agressivos? 

Precisamos, mulheres/homens, ver se não estamos educando nossos filhos corroborando o mesmo machismo de que somos vítimas. Afinal quem cria um machista? Ou um racista? É sua tarefa, família, corrigir tantas distorções, tanta bestialidade, pois não adianta, mulher, se esbaldar enquanto solteira e depois que se casa e entra logo para uma denominação religiosa, em nome da moral e dos bons costumes, reproduzir discursos de pura hipocrisia e misoginia.

 Isso é sim responsabilidade de quem cria filhos hoje, pois se estamos nessa nuvem negra, significa que nossas crianças receberam ensinamentos para se tornarem monstros machistas e racistas...cuidemos imediatamente do hoje, pois não sabemos como será o amanhã...

sábado, 16 de maio de 2015

Somos eternas crianças mimadas?


Ultimamente percebo que a sociedade de consumo vem fazendo as pessoas se manterem cada vez mais sozinhas e felizes. Hoje, para muitas sociedades ditas evoluídas ser solteiro é o máximo. Eu concordo, mas um dia você cresce e percebe que falta algo e casa. Só que não! Hoje, muita gente casa de forma descartável e o amor, ah o amor...virou status...
 
No tempo dos meus pais ser solteiro depois dos trinta anos era uma condenação, se fosse mulher então, uma condição de flagelo social, ela, a mulher não casada ou solteirona, coroa, virava a chacota, a renegada, a infeliz, mesmo que sua amiga casada tivesse mais motivos para chorar que ela, mas enfim...
 
Vejo que as coisas mudaram. Hoje as mulheres de quarenta anos solteiras e sem filhos são lindas, jovens, viajadas e inteligentes, mas o que há de errado com isso? A princípio nada, mas quando se adota uma vida absolutamente vazia e narcisista sim, tem algo de errado, muito errado.
 
Somos seres gregários e sentimos necessidades de convívio, de contato. Ser solitário ou ter relacionamentos frugais é saudável? Sinceramente não. Embora conheça pessoas solteiras que estão melhores que as casadas e que é melhor, muito melhor estar só que mal acompanhado, pois uma união infeliz e superficial é a pior das solidões, não há como fazer apologia a um modo de vida que privilegia o egocentrismo, o individualismo, a vida autossuficiente.
 
Sou sim adepta da independência, do ser bem resolvida, de não ficar grudada em alguém para resolver as coisas, de trabalhar, me sustentar, etc. mas autossuficiente é não contar com ninguém para nada, ser aquele (a) que se basta e isso é negar a vida em sociedade...e cá para nós, ser sozinho é uma porcaria...
 
Evidentemente, existem pessoas que não estão sozinhas por convicção, são pessoas que emocionalmente ainda não resolveram conflitos internos e precisam sim estar sós para conseguir enxergar seu próprio valor e não estragar bons relacionamentos com carências excessivas ou ciúmes desmedidos ou mesmo aquelas que precisam mesmo desenvolver o amor próprio e parar de dar importância para o desamor e os maus tratos...
 
Porém, preferir o smartphone a uma boa conversa, os seriados de TV a um jantar romântico, ou mesmo um saudável arranca-rabo com o parceiro para evitar conflitos é minimamente infantil e não ajuda ninguém a crescer...será que nos tornamos eternas crianças mimadas?

terça-feira, 28 de abril de 2015

Ruas mais estreitas, calçadas mais largas...




Recentemente venho observando a grandiosa proliferação de carros nas ruas e em contrapartida o estreitamento e esquecimento das calçadas. É absolutamente raro nos dias atuais encontrar ruas com calçadas largas, planas e rebaixadas para os cadeirantes, estes então são os que mais sofrem.


Estava eu passeando por um certo bairro tradicional de Natal e vi um idoso quase cair ao topar em um passeio elevado do prédio de frente que dava para a saída da garagem. Simplesmente ele não percebeu que o passeio elevado estava lá e quase se machucou.


Ao ver de longe a cena e a dificuldade da pessoa que o acompanhava para levantá-lo, percebi que não só ele, mas qualquer pessoa, que possa andar ou não, está sujeita a se machucar com os buracos de nossas péssimas calçadas, e ainda tem o mais agravante, elas, as calçadas, se por um lado são esburacadas, por outro estão com veículos tomando o espaço dos pedestres.


Vivemos nós uma inversão de valores tão profunda que as máquinas se tornaram mais importantes que as pessoas? Por acaso calçadas não foram feitas para as pessoas andarem nelas? Por que privilegiar as ruas, que devem ser também cuidadas, se por elas trafegam veículos que também são guiados por pessoas que terão de estacionar e virar pedestres?


E por que os carros não podem estar estacionados nas ruas? Certamente alguém dirá que não há mais espaço para os carros nas ruas e por isso as calçadas são tomadas, porém faço a seguinte indagação: todos precisam realmente sair exatamente ao mesmo tempo em seus veículos? O transporte público não deveria ser uma excelente alternativa para tal? As ciclovias também não deveriam ser outra alternativa, pois estacionar uma bicicleta ocupa menos espaço?


Infelizmente, a nossa educação ainda não nos permite superar o pensamento medíocre de que andar a pé, de ônibus ou de bicicleta é "coisa de pobre" e o que provoca a reação em cadeia que faz todos quererem ter um ou dois carros porque o transporte público é muito precário e andar a pé nas ruas é perigoso...

sábado, 28 de março de 2015

O Vencedor...


Eis que ele está em casa, de volta para nós. Eu como filha posso dizer que é muito bom ver o pai vivo em casa. Ainda com escoriações e mancando, de muletas e reclamando de dores, mas dormindo tranquilo em sua cama, no conforto de seu lar. Foram ao todo catorze dias de agonias e forçado controle emocional, em alguns momentos a revolta por ver alguém que estava ótimo agora deitado...mas o que fica mesmo é o sentimento que supera as picuinhas, os defeitos, os problemas. 

Quando chegou, um grupo à sua espera, os amigos, os companheiros da entidade assistencial, da irmandade que frequenta, que ajuda a coordenar. Nesses dias de internamento, foram muitas visitas, ligações, orações, gente de perto e de muito longe, estou feliz apesar de tudo, estou vendo que o bem que fazemos é nosso advogado por toda parte. 

Nos seus setenta e oito anos de vida, grande parte foram e são dedicados a obras assistenciais, de cuidado aos irmãos que precisam. Diz uma música evangélica que existe um "campeão, vencedor"...sim, ele é isso mesmo um vencedor, um campeão, mas sua vitória não se deve a estar vivo neste momento, mas a estar vivo desde que nasceu na miséria no Seridó, vindo a Natal para fugir dela, se estabelecendo em Macaíba com um esposa de imensa fibra e amor. 

Ele poderia ter nascido morto, como alguns de seus irmãos, poderia ter morrido de fome na seca como filho de sertanejos miseráveis, como alguns de seus irmãos e vizinhos, poderia ter morrido bêbado, ou ter alguma sequela dos vícios do passado, poderia, como viu muitos dos parentes e amigos, estar ainda sofrendo com doenças ou pela pobreza, mas resistiu a tudo, viu os parentes e melhores amigos irem embora muito cedo e agora mais essa, por tudo isso, só posso dizer, eu não tenho derrotas para contar, apenas vitórias, pois sou filha de um campeão, um vencedor.

sexta-feira, 6 de março de 2015

A mulher e o tempo...



É importante lembrar essa data, o dia 8 de Março, não como apenas um dia para dar e receber flores, mas para informar aos que não sabem o porquê da existência desse dia tão especial.
Desde o início do movimento de mulheres, da sua ida ao mercado de trabalho e de sua intensa busca por conquistas, a mulher já era vista por alguns ou muitos como ameaça, mas nos Estados Unidos no dia 8 de Março de 1857, após uma greve gigantesca das trabalhadoras da indústria têxtil, em um ato totalmente desumano e na insana tentativa de calar a voz de um grupo que se fortalecia, mais de 130 mulheres foram trancadas na galpão da fábrica e queimadas vivas.


Como se vê, esse dia tão especial não pode nos fazer esquecer que por causa de uma tragédia hoje recebemos flores e somos homenageadas.
A questão mais importante é a seguinte: depois de tantas situações difíceis e até penosas, depois de tantas conquistas e vitórias, estamos no patamar que queremos? Somos respeitadas completamente em nossa liberdade e nossas escolhas são amplamente respeitadas por nossa sociedade? A mulher deixou de ser produto comercial de diversos mercados? A mulher deixou de sofrer violência doméstica e consequentemente confrontar um homem por causa de suas ideias não é considerado ainda perigoso e ruim?

O cotidiano nos mostra que o caminho ainda é longo e requer muita serenidade, pois ainda se vê mulheres líderes de grandes empresas serem ridicularizadas por sua aparência, mulheres da política serem avacalhadas da pior maneira por defenderem seus ideais e pasmem, 

mulheres utilizando a mídia para defender quem agride mulheres...como se vê, as próprias mulheres precisam e muito ter consciência de seu valor e de sua importância social, pois se não tiver vai reproduzir a forma de vida que as oprime e isso é triste e cruel.


Ao ver uma mulher ter que se calar porque reclamou de um homem que passou na frente na fila do banco e outro homem saiu em sua defesa já aos gritos, pois ela "não deveria desrespeitar aquele cidadão"...é que se vê a frágil independência feminina e a mais frágil ainda estrutura social que não superou a grotesca e infame, a mais primitiva representação do machismo, a agressão.

A mim coube a imediata pergunta ao ver o silêncio da mulher: devemos combater a falta de respeito com mais desrespeito ou como fez a mulher, com inteligência? Pois em seguida ao silêncio a mulher olhou profundamente nos olhos do homem e disse com voz de veludo "fale baixo senhor, estou vendo e ouvindo tudo, o senhor não precisa se descontrolar para se fazer ouvir, tenha mais segurança em si mesmo, pois alguém deve considerá-lo importante"...esse homem ficou absolutamente desnorteado e ridicularizado por sua atitude bestial, típica daqueles que precisam se afirmar...


Pois bem, o tempo passou mas muita coisa continuou igual, mas nós nunca deveremos ficar paradas no mesmo lugar, andar para frente é preciso, é imprescindível...

domingo, 22 de fevereiro de 2015

O dinheiro e sua importância...




Não sei se é romantismo exagerado ou estou vivendo com valores cafonas, ultrapassados, mas o dinheiro não é para mim o fim de tudo...
Explicando melhor o que acabei de dizer, falo de uma forma muito tranquila, pois já vivenciei de perto que enquanto precisava trabalhar para adquirir coisas, ficava cada vez mais penoso, árduo e mesquinha minha vida financeira.

Não sou eu hipócrita em dizer que não quero, não gosto e não preciso do material, sou vaidosa, gosto de ter meus pequenos luxos, se pudesse teria os grandes luxos, aprecio boa mesa, boas roupas, bons lugares, enfim, tudo o que o dinheiro pode proporcionar e quero mais...como todo mundo, mas o objetivo inicial de minha vida não é esse...não pode ser esse...

Aprendi depois de um tempo que é bom você ter um bom padrão de vida, mas existe uma razão maior que torna isso apenas consequência...
Aprendi que o trabalho honesto, bem feito e feito com amor, entusiasmo, dedicação e interesse valem mais que propriamente o salário no final do mês, mesmo para quem ganha pouco, percebe-se que até para estes, os menos remunerados, quando trabalham com afinco, responsabilidade e interesse, podem ter uma vida material mais organizada que os seus pares relapsos.

Não falo de pessoas que tem vícios ou doenças graves, pois são casos extras, mas falo de pessoas que em condições normais tem todos os dias a oportunidade de trabalhar e se dignificar e fazem pouco caso...mas não falo só disso, falo também de quem é honesto, trabalhador, competente e infelizmente tem como único e principal objetivo de vida ganhar dinheiro e consumir, apenas.

Aí eu fico pensando: qual a consequência de um trabalho bem feito e de um vida correta e harmônica? Por mais que existam injustiças, se você der amor vai receber, se trabalhar direito vai ter retorno financeiro e consequentemente vai obter desde uma mesa melhor como uma casa melhor, um carro melhor e uma vida melhor...não tem como...então por que essa preocupação exagerada em ter apenas por ter se é muito mais bonito, honesto e perene ser, fazer bem feito e o ter é naturalmente incluído...a frase da Bíblia é verdadeira quando diz "buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e tudo mais será acrescentado..." e o próprio rei Salomão que poderia pedir tudo pediu sabedoria, pois com ela, tudo foi acrescentado...o dinheiro é realmente muito importante, mas não é causa, apenas consequência.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A beleza feminina...em todos os sentidos...




Bem, como mulher, sinto todas as durezas sim em um país preconceituoso e grotescamente machista como o Brasil, mas também sinto a beleza de ser desse gênero. Mulher é a guardiã da vida, isso é muita coisa e talvez por isso seja tão odiada por uns e amada por outros.

Desde os primórdios, a mulher é ovacionada e aprisionada por sua beleza, sim, nascemos lindas, isso é fato, mas se essa linda esconder a sua real inteligência, ela consegue tudo o que quer...

Já ouvi alguém dizer que a mulher não pode mostrar ser inteligente, pois isso espanta os homens, intimida. Qual o problema em uma mulher mostrar saber alguma coisa? Eu não vejo, mas para homens inseguros, e o machismo como expressão máxima dessa insegurança, explica facilmente. A mulher não pode ser inteligente, pois ela já é inquestionavelmente linda, guardiã da vida, do amor, da família, da beleza, da sensualidade e ainda por cima querer ser dona de seu nariz, de sua vida, ter opinião...é querer demais e isso é muito perigoso...isso realmente intimida...mas intimida a quem?

Intimida quem nasceu e cresceu sob a cultura de que precisa apenas ter um determinado gênero e o mundo naturalmente será seu, sem esforço...mas com a modernidade e a emancipação feminina, mostrou que agora é preciso fazer mais, se esforçar, crescer, mostrar valor, ser a pessoa extraordinária que exige dos e das demais...e isso dá muito trabalho...

Agora, vendo o carnaval do Rio de Janeiro, vendo um espaço tão banalizador da figura feminina, vejo também um importante e bonito contraste: as escolas de samba são o que são por causa de bravas senhoras que trabalharam duramente para fazer de suas escolas a maravilha que se pode ver no mundo inteiro. 

Percebi que a Estação Primeira de Mangueira homenageou as mulheres de sua escola e estendeu para todas as mulheres brasileiras, usando a lindíssima música de Benito de Paula " Agora chegou a vez vou cantar, mulher brasileira em primeiro lugar"...sim, queremos e vamos ocupar o primeiro lugar, sem violência, sem maldade, sem derramamento de sangue, como deusas que somos...e como diz o samba enredo: tem que respeitar...
21 pessoas alcançadas

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A dura e maravilhosa tarefa de ser mulher...




Sou de uma família de mulheres que comandam. Cada uma delas, a seu modo, tem uma história de liderança familiar e todas elas não abdicaram da vida doméstica, do lar, mas também não abdicaram da vida fora de casa, do trabalho fora.

Já em outra época, Francisca Alves, minha bisavó, fazendeira da cidade de Angicos, ficou viúva e continuou, em uma época que os filhos homens deveriam assumir o lugar do pai morto no comando dos bens, continuou comprando e vendendo gado, transformando o gado em imóveis e por aí vai...

Parece estranho que uma história tão antiga ganhe destaque, mas ainda hoje, em pleno 2015, mulheres ainda ganham menos que os homens e muitas delas, mesmo donas de seus negócios, gerentes de grandes empresas, políticas e da mídia ainda sofram tanto preconceito, tanta discriminação...ainda ouçam que se escolher muito um parceiro vai ficar sozinha, como se não tivessem de escolher alguém que as ame e respeite de verdade, como se não tivessem direito a ter vez e voz...

Francisca Alves viveu em uma época onde seria inimaginável uma mulher comandar e comandou, era respeitada em sua cidade. Em seu velório, vários ônibus doados dos políticos para que as pessoas da região fossem dizer o último adeus a uma mulher que viveu, intensamente e fortemente, até os 105 anos de idade, a cidade de Angicos simplesmente parou...

Eu também estava lá, muito criança, não entendi muito, mas ao ver no caixão uma velhinha tão pequena, branca e frágil e ao ver sua foto na parede nos tempos de juventude, pude perceber que é possível sim, para todas as mulheres, liderar, ter amor, filhos , família, carreira e como no caso dela, beleza...sim, além de tudo foi lindíssima...essa é a simples história de uma mulher do interior, mas poderia ser a de tantas mulheres, tantas Marias, Franciscas ou Joanas, mulheres que não são guerreiras, porque não viemos ao mundo para guerrear com ninguém, viemos ao mundo para vencer sim, mas pelo trabalho honesto, pelo amor, pela inteligência e também pela beleza. 

Quando vejo a mídia tratar as mulheres fortes com o adjetivo de guerreira tenho é pena, pois nós não estamos aqui neste mundo para travar batalhas sangrentas, estamos aqui para conquistar tudo o que quisermos, pois temos isso naturalmente em nós, não somos guerreiras, somos deusas!

sábado, 31 de janeiro de 2015

É possível mudar, mas quem quer?



Estava eu lendo um artigo que falava no baixo índice de corrupção da Suécia, como sempre ela, das leis anti-corrupção e do que a sociedade precisa ter para que o número de casos de corrupção diminua.

O homem responsável pela proteção do Estado sueco de práticas corruptas falou que em um espaço de trinta anos, só aconteceram dois casos comprovados de desvio de verbas públicas e que existe uma lei de 1824 que é cumprida à risca para combate à corrupção, divulgação responsável dos gastos públicos, salários de servidores do alto escalão e qualquer gasto dito corporativo...

Disse também o óbvio, que a sociedade daquele país é vista de sua base para cima, que a educação de qualidade é o mínimo para fazer um povo compreender a sua posição no espaço social e que quando a sociedade não precisa lutar por sua sobrevivência e por serviços básicos como educação e saúde, fica mais apta a fiscalizar os atos governamentais, pois se sente parte da escala de poder...se sente responsável por aquilo.

É sabido que nossa sociedade reclama e necessita por melhorias nos serviços básicos mencionados e que uma boa parte não se sente parte das decisões de poder, mas sejamos sinceros, será que as pessoas de modo geral querem que haja uma real mudança do estrato social? Uma mudança profunda que mexa e remexa com as estruturas de poder e privilégios entranhadas no nosso povo nesses quinhentos anos? E os atos de corrupção vindos de quem está no poder? Será que é interessante mesmo que as leis sejam cumpridas por todos, mas todos mesmo? 

É tão comum ver apadrinhados grandes e pequenos recorrer aos padrinhos em uma hora de necessidade...dizendo " pensam que não tenho conhecimento com ninguém ou quando se chega em uma unidade pública e se diz "uma pessoa minha"...
É possível mudar isso e adotar novas maneiras de enxergar o poder? Sim, claro que é, mas quem quer?

domingo, 18 de janeiro de 2015

Viva o modelo Nórdico...






Acredito que um dos assuntos mais comentados da atualidade seja a morte do brasileiro morto na Indonésia, a pena de morte do brasileiro. Só que não desejo falar sobre isso, quero falar do Brasil e do seu injusto e bárbaro sistema prisional, social.

Esta semana, ao ver uma reportagem do sistema prisional da Suécia e as cadeias que irão fechar por falta de prisioneiros, inevitavelmente refleti sobre o óbvio, a imensa redução da criminalidade sueca está diretamente ligada ao empenho e cuidado com o social, ou seja, o bem estar do povo sueco.

Lá, diferente daqui, eles já descobriram, que se quisermos reduzir a violência em seus diversos níveis, a população precisa enfrentar uma gigantesca mudança de seus paradigmas, a educação precisa passar por uma reformulação em toda a sua estrutura e a sociedade precisa extinguir de sua cultura a apologia à violência.

Alguns irão dizer que os suecos são melhores, mais pacíficos e tem melhores índoles que as nossas, por isso são menos violentos, mas sabe-se que quando se abandona uma pessoa a própria sorte, ela vai reproduzir seu abandono, imagine um enorme grupo...

A elite brasileira adora copiar o modelo norte-americano, que está longe de ser o melhor, pois tem a maior população carcerária do planeta e um índice de criminalidade gigantesco...será que esse é o melhor modelo a seguir? 

Se não temos, ou fingimos não ter, a capacidade de refletir sobres nossos problemas para então buscar soluções, sem copiar modelos de outras sociedades, se copiar é o único caminho que nos resta, então por que não imitar modelos mais modernos, justos, humanitários e que tem resultados positivos? 

Se é para copiar, que se copie a Suécia que é país justo e extremamente educado...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Intolerância !!!!



O Ano Novo começou surpreendente, como previa nas reflexões anteriores, porém o enredo é velho, conhecido e nada animador. 
Causou assombro no mundo ultimamente os ataques terroristas aos cartunistas do jornal Charlie Hebdo.

Quando vi as charges que causaram o atentado, também fiquei assombrada. É bem verdade que eles não retrataram com suas ironias só os muçulmanos, mas as imagens do Charlie são espantosas e desrespeitosas, são mesmo.

A questão mais importante é: a liberdade de expressão, que deve ser defendida acima de tudo, pode ultrapassar os limites do racional? Será que a fé, seja ela qual for, a liberdade religiosa, não deve ser respeitada e defendida a qualquer custo?

O atentado ao jornal foi infame, bárbaro, injustificável, porém será que durante anos aqueles que tiveram sua fé ridicularizada não se sentiram também vítimas de um tipo diferente de desrespeito, de terror?

Evidentemente, não se justifica agredir, matar e silenciar as pessoas que querem fazer apenas o seu trabalho, sua arte, seu talento. A questão também é que religiosos e fieis também tem o direito de exercer e expressar sua crença livremente.

A intolerância foi mostrada dos dois lados, tanto dos fanáticos terroristas como os cartunistas do 

Charlie. O que vai permanecer é o seguinte: ambos vão permanecer, o jornal e a crença, o que deve mesmo é se instaurar o diálogo, o respeito e acabar com a intolerância. Assim espero!!!!

domingo, 4 de janeiro de 2015

Por que o insignificante se torna tão importante?






Como mulher, não nego que perco um pouco do meu tempo pensando no modelito do dia, nos sapatos, na roupa adequada, na maquiagem certa, enfim, em como aparecer em determinadas ocasiões.

Esse costume também procede em mulheres de outros países, não é exclusividade nossa, mas a importância irracional que damos ao inútil, ao supérfluo, revelam bem como nossa sociedade é concebida, as aparências são muito importantes, ou melhor, importantíssimas.

Certa vez uma certa pessoa com quem convivi por um período em um determinado ambiente de trabalho, ressaltou a importância de mostrar os resultados, se ela tivesse conteúdo para mostrar, seria uma excelente mostra, mas não tinha, iria mesmo fazer o velho jogo de cena, mentir.

É impressionante, como nossa sociedade vive prisioneira do aparente. Queremos parecer mais magros, mais jovens, mais inteligentes, mais humanos, mas de fato não estamos trabalhando para sermos de fato o que queremos mostrar.

Um exemplo disso é a classe política que faz uma enorme propaganda mostrando mentiras, que compra a mídia para fazer de sua imagem perfeita e escondendo, é claro, todas as imperfeições.
As nossas fotos não podem mostrar as rugas, gordurinhas, cabelos brancos...hoje todo mundo tira foto com a mesma pose, para disfarçar o que não tem como...

Na posse da presidente, seu vestido foi mais comentado que seu discurso, sua gordura foi mais ilustrada que suas ideias...seríamos nós viciados em juventude e beleza? E o pior, quem comentou sua falta de elegância também é desprovido de tal atributo... o que importa naquela mulher é sua roupa, seu cabelo, seus dentes ou como governará? E por que alguns opositores utilizam de argumentos tão minúsculos para criticá-la? 

Seria só um problema de oposição ou na verdade de uma sociedade que valoriza em excesso as aparências em vez da essência? Que importância tem se o prefeito, a presidente ou o governador são belos? O que isso vai causar de impacto em seus governos? Faço humildemente a pergunta: por que damos tanta importância ao sem importância, por que o insignificante se torna tão importante?