segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O que esperar para o Ano Novo?



É incrível como 2014 foi intenso, turbulento, uma verdadeira aventura. Começamos como no ano anterior, parecendo que nada iria mudar, mas o que se passou foi um furacão de mudanças, de aventuras, de loucuras, sim, loucuras. 

Desde 2013, com as revoltas de junho, notou-se uma mudança de postura da população, indo até as ruas, protestando, cobrando mudanças urgentes e necessárias, mas como somos bem pessimistas, esperava-se que em 2014 o povo se acomodasse perante os jogos da Copa do Mundo.

O que se viu foi na verdade uma mistura de torcida e protesto: "não vai ter copa" foi o que se ouviu maciçamente, mas teve e foi excelente. Claro, muitos escândalos, obras inacabadas, superfaturamentos e tantos outros problemas deram o tom, mas seria ilusão acreditar que faríamos uma copa nos moldes da organização e pontualidade da Alemanha...e por um motivo simples, não somos alemães, nem organizados como eles. 

E por falar em Alemanha, que desgraça foi perder por 7x1, mas passa, o grande problema mesmo é que por trás dessa derrota ficou evidente a falta de planejamento e transparência na gestão do futebol, bem, se as outras coisas mais urgentes estão indo mal, não acho ruim que o futebol também esteja, temos que parar de priorizar o secundário e eleger em primeiro plano o básico...não tenho nada contra futebol, mas temos coisas mais urgentes para resolver e planejar. Prefiro ser lanterna em títulos de copa que ser lanterna em educação...na verdade poderia tudo crescer junto...com planejamento dá para fazer...

E não poderia deixar de falar da guerra eleitoral...é, o brasileiro se descobriu um animal político, com toda a sua força e apesar de muitos excessos, ficou evidente o saldo positivo de tudo isso: temos um povo mais consciente, mais vigilante, mais crítico.

O contrário também ocorreu, pois se viu crescer uma onda esdrúxula de conservadorismo em seu pior grau, um transe coletivo de bestialidade, pedidos de intervenção militar, agressões de todos os níveis e ódio, muito ódio. Infelizmente se viu crescer uma onda de analfabetismo político...paradoxal...
Enfim, o que esperar para 2015? Não sabemos, pois ficamos imprevisíveis, absolutamente instáveis...e isso é muito bom...Feliz Ano Novo!

domingo, 21 de dezembro de 2014

O bem e o mal mora dentro de nós...






Por uma questão de humanidade, talvez o espírito do Natal esteja fazendo isso comigo, resolvi escrever esta semana sobre relações humanas e seus incríveis desdobramentos. Recentemente ouvi uma conversa de uma pessoa conhecida e ela falava da falsidade das amigas e amigos e da maldade que está vencendo...muito bem, a eterna disputa do bem e do mal...

Pois muito bem, vocês poderão ficar chocados, mas essa história de bem e mal é uma questão de ponto de vista, isso mesmo, ponto de vista. O ser humano, em sua imensa complexidade, apresenta em diversos momentos de sua vida características perversas, falsas, mentirosas, hipócritas, mesquinhas, arrogantes, etc. Curiosamente, o mesmo ser humano que é capaz de todos esses monstruosos pecados, também é capaz de ajudar o próximo, de ser solidário, de fazer caridade, de ser humilde, de perdoar e também pedir perdão...diz o ditado "Que ninguém é tão mau que um dia não possa fazer o bem ou tão bom que um dia não possa fazer o mal"...e é a mais pura verdade. O ser humano tem essa dicotomia dentro dele: o bem e o mal, o yin e o yang, o positivo e o negativo.

Não vejo o bem como exclusividade dos "que procuram Deus nas igrejas", nem o mal "nos que não procuram Deus nas igrejas"...é possível estar numa igreja e cometer atrocidades e é possível ser um santo fora dela, mas isso não é o ponto chave.
O importante é perceber que nós, os seres humanos, temos os nossos imensos defeitos e as nossas imensas virtudes e ninguém é exclusivamente bom ou mal, somos uma mistura das duas coisas e o que vai prevalecer em nossa vida são as nossas escolhas e as suas consequências...boas ou ruins e ninguém poderá fugir...

Quando o defeito do outro, ou o mal de alguém nos incomoda, mesmo que seja contra nós diretamente, a psicologia já explica, não é o mal tentando vencer o bem, na verdade todos nós temos problemas de ordem interna, quer sejam inseguranças, medos, invejas, culpas, dores...e o efeito negativo da ação do outro em nós na verdade é aquele sentimento negativo que sempre esteve guardado e não trabalhado que precisou apenas de um gatilho para aflorar e certamente causa incômodo.

Esse incômodo não é ruim, na verdade é uma oportunidade de trabalhar em nós emoções negativas que estão atrasando nossa vida, uma boa experiência para reflexão, para se perguntar: por que tal atitude de tal pessoa me incomoda tanto? Por que eu fico tão irritado ou sofro com isso? Aí é a oportunidade de trabalhar o problema interno e descobrir as razões...e se isso acontecer, poderemos ver no futuro, após a superação dessa fase, quando passarmos para outra, mais avançada, que aquilo já não incomoda mais e começamos a rir perguntando: por que eu dei tanto valor a isso? Aí é o sinal da cura...porque sentimentos de maledicência, raiva, inveja, dor, culpa, medo, todos iremos ter e provocar, pois ninguém é santo e o outro não é o mal e eu não sou o bom...tudo é uma questão de assumir a própria humanidade e querer melhorar...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


A culpa da agressão é da vítima que permitiu...




Há poucos dias, venho acompanhando o noticiário e um fato me chamou muito a atenção: a forma como o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), se dirigiu à deputada Maria do Rosário (PT-RS). Como é conhecido de muitos, o deputado não é conhecido por algum projeto ou lei, mas pelos discursos homofóbicos, machistas, agressivos e de alto cunho autoritário. Até aí tudo bem, ele tem o direito de falar as sandices que quiser, mas não deve jamais se resguardar do privilégio de ter imunidade parlamentar para ofender, macular e destratar quem quer que seja.

Maria do Rosário, no seu discurso que gerou a tamanha confusão, não falava dele ou sobre ele, falava sobre Direitos Humanos e sobre o relatório da Comissão da Verdade, pois estava naquele momento no seu dever como deputada, mas movido por uma discussão anterior, ele, Bolsonaro, resolveu utilizar o infame texto: "não te estupro porque não merece"...o resto é consequência.

Afinal, que ser humano, por pior que seja, merece ser estuprado? E mais, de que merecimento ele se refere? Será por ela não ser uma modelo capa de revista? E ser linda torna qualquer pessoa, digna ou indigna de ser estuprada? Que direito esse cidadão tem de proferir tais palavras? Alguém com insatisfação com o governo e os atuais escândalos, como já vi, está a defender tal atrocidade, falando que "roubar pode, falar a verdade não"...e aí vem a pergunta: que verdade? Desde quando um crime de corrupção é justificativa para o crime de estupro ou apologia do mesmo? E desde quando os absurdos que se tem notícia na política são justificativas para tal atitude? 

Então essa é a lógica: pode matar, roubar, estuprar, violar direitos civis em nome do combate à corrupção...e aí me questiono mais: corrupção de quem? Se alguém disser Petrobrás, aí digo com força que um dos partidos mais beneficiados, segundo a imprensa é, adivinhem: O PP de Bolsonaro...que é da base aliada, pasmem. 

Não será Bolsonaro mais esperto que todos os ladrões juntos? Em desviar a atenção de seu partido com palavras estapafúrdias? E agora se vê a turba para defender o deputado desqualificando de todas as formas a deputada, chamam de corrupta, mentirosa, etc. Pergunto de novo: na falta de bons argumentos ou qualquer argumento que seja para defender o deputado, vale desqualificar a vítima?

Isso me fez lembrar daquela pesquisa que mostrou que 64% dos brasileiros dizem que as mulheres merecem ser estupradas e pior, quem respondeu isso foi um grupo numeroso de mulheres...aliás, tem um grupo gigantesco de pessoas, os "corajosos" da internet, que jamais falariam tais absurdos em público, no cara a cara...os motivos são óbvios...mas que se sentem representados por tal homem...então reitero o que digo da seguinte forma: em um país, cuja sociedade rejeita a pacificação e os direitos básicos, a culpa das agressões é da vítima, não do agressor...

domingo, 7 de dezembro de 2014

Contradições brasileiras...



Recentemente, no Globo Repórter passou uma reportagem mostrando as belezas e a qualidade de vida da Suécia. Posso dizer que não conheço esse país de perto, mas sempre admirei a forma como as pessoas são tratadas por lá, com certeza com mais respeito que no Brasil.

Não vi a matéria, mas no outro dia li vários comentários de quem viu e ficou encantado...uma pessoa falou da licença maternidade e paternidade que juntas chegam a dar mais de um ano, outros falaram do transporte público, outros da educação, da qualidade de vida para os idosos, etc.
Me deparei com uma unanimidade incômoda: todos, sempre comparando a Suécia com o Brasil. Isso realmente me incomoda bastante e vou dizer porquê.

A linda Suécia não foi explorada por nenhum outro europeu como o Brasil, não levou para lá uma imensa população escrava e a subjugou por séculos, tampouco fez de suas riquezas vantagens para a coroa, aventureiros e piratas...também não admitiu, como a nossa população admite desde sempre que se viva em mundos tão desiguais e para completar, sempre se investiu em educação de qualidade.

Observo e protesto: a população apoia medidas que visem a redução das desigualdades? Por acaso como são chamados aqueles que precisam de auxílios governamentais? Fala-se das ruas organizadas, das ciclovias e das calçadas bem estruturadas, mas na realidade se algum prefeito ousar mexer em algum ponto da rua para fazer ciclovias a própria população é contra...e essas licenças? Se alguma mulher no Brasil resolver ficar grávida e seu marido resolver tirar a licença, pergunto será que alguém não vai sair gritando: vagabundos! Isso sem mencionar que outros brasileiros quando sabem que existem leis assim na Europa dão apoio, mas quando sabem que no Brasil alguém está querendo implementar ainda tem coragem de dizer: "mas os suecos não são vagabundos como os brasileiros"...

Então caros brasileiros irmãos, diante de tantas contradições, será que devemos nos comparar com a Suécia ou nos espelhar nela? Será mesmo que queremos um país bom para os brasileiros como a Suécia é boa para os suecos? São tantas as contradições...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Somos mesmo cidadãos?


Recentemente tenho caminhado mais pelas ruas, andado mais a pé, tomado um sol na cara...enfim, resolvi por conta própria descer um pouco do carro e aproveitar o passeio público, o transporte público, a simplicidade para não ficar tão sedentária.

Já observava como as coisas são, mas confesso, mesmo nos bairros nobres da capital potiguar, que algo que me deixou triste. As ruas não foram feitas para as pessoas, foram feitas para o bem estar dos carros. Infelizmente.

Não tenho nada contra carros, afinal, o transporte público é precário, mas exatamente por isso é que surge essa crítica.
Desde que nossa história existe, a divisão também existe e as pessoas são absolutamente excluídas. A cidadania da Constituição não é posta em prática, nunca foi, pelo menos não na sua totalidade. A escravidão foi abolida, mas será que foi totalmente? 

A Carta Magna fala de educação e saúde para todos, como direito de todos, mas sinceramente, mesmo existindo escolas e hospitais, só quem paga a mais pode ter acesso a um tratamento decente. A pergunta que não quer calar: se já pagamos impostos, pois nada vem de graça, por que precisamos pagar a mais para termos cidadania? 

A nossa sociedade reforça a exclusão, pois não raciocina no sentido de cobrar por serviços públicos de qualidade, aceitando passivamente ter que pagar duas vezes por um serviço já pago. Fico pensando sempre: por que nosso conceito e cidadania passa pela palavra pagamento? E por que os serviços para funcionarem tem que ser mantidos pelos impostos e depois ser pagos? Não sou contra a iniciativa privada ou serviços de natureza privada, mas não dá mais para ver obras públicas e olhar com desdém porque "é do governo"...afinal quem é o governo? Quem o mantém? 


Nossas praças, calçadas, transporte, passeios, estão degradados e depredados...nem as calçadas de Petrópolis escapam das pedras saindo fora do quadro...imagino se um idoso estiver andando e topar...pois bem, diante de uma cidadania tão frágil e precária, cabe o questionamento; somos mesmo cidadãos