segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Destino para a educação?




É inegável que a educação brasileira está, apesar de muitos esforços, ainda muito aquém de um país tão grande e que ocupa uma posição tão importante no mundo. Somos a sétima economia do mundo, isso é fantástico, mas o nosso nível educacional é bem baixo e isso é um enorme problema que pode ser resolvido.

Por natureza o povo brasileiro é muito criativo, mas com recursos parcos e uma deficiência de aprendizado a nossa característica importante, que deveria ser utilizada para o nosso bem, apenas será utilizada para aqueles que precisam "se virar" para o bem ou para o mal.

Ouço depoimentos de professores relatando a dificuldade de exercer sua profissão, da falta de interesse de muitos alunos, da violência, drogas, das precárias condições de infraestrutura, porém não ouço, infelizmente como começa esse desinteresse.
É visível que a escola pública padece de gritantes diferenças em relação à escola particular, que desde o início os alunos de escola pública já se deparam com um sistema de total exclusão. 

Já ouvi, estarrecida, da boca de diversas pessoas, a frase: só vai dar certo se for para uma escola particular...bem, mas e a escola particular está tão melhor assim? 
A questão é a seguinte: por que a nossa sociedade não luta para fazer da escola pública um centro de excelência? Por que só pode dar certo se for aluno da escola particular? Será porque os professores da rede privada ganham mais? Não sei, será que eles são mais exigidos? Também não sei, mas será que os alunos da escola privada já nascem melhores do que os da escola pública ou os alunos da escola privada são melhor estimulados tanto por seus familiares, como por seus professores, como pela comunidade em que vive...e em uma realidade de abandono social, fica difícil o aluno querer estudar...querer mudar seu pensamento em relação à vida...

Portanto, em uma cenário tão complexo, de uma sociedade que ainda pensa a educação como privilégio para poucos e não como direito de todos, qual será o destino para ela, para a educação?

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Por que os espanto?





Recentemente, ao assistir os noticiários da TV e ler minha página da rede social, percebi um certo alvoroço. O motivo da grande agonia era um número crescente de mulheres, todas jovens e belas, caminhando completamente nuas pelas ruas de Porto Alegre, mas não só lá, aconteceu também com uma jovem aluna da UFRN. 

A princípio também fiquei espantada, mas depois de uma segunda leitura das situações, principalmente da jovem da UFRN, comecei a refletir a respeito. O que move, em um país e um mundo ainda dominados pelo machismo, mulheres terem o ato corajoso de simplesmente saírem por aí andando totalmente despidas?

Sejamos honestos, a mídia aplaude de pé, principalmente no Brasil, mulheres tirando a roupa...isso dá um lucro medonho, mas tirar a roupa e não ganhar dinheiro? Por quê? A nossa sociedade é muito interessante, pois a mulher é transformada diariamente, dentre tantos aspectos, em objeto de consumo, seu belo cabelo vende produtos que mudam a cor, alisam, cacheiam, restauram...um belo corpo vende roupas de diversos modelos, belos rostos vendem maquiagens, enfim, a beleza feminina é objeto de todo e qualquer comércio, inclusive o sexual, mas andar sem roupa sem aparentemente nenhum interesse mercantil não pode...é escândalo..dá para entender isso? 

E outra pergunta que não quer calar...por que, mesmo com tanta exposição, o corpo humano despido gera tanta polêmica? E por que alguns defensores da moral e dos bons costumes são os mais escandalizados? Cheguei a ler postagens, referentes à aluna da UFRN de pessoas absolutamente indignadas lembrando que em tempos de outrora isso não acontecia e que o respeito acabou, a moral, etc. 

Eu não preciso protestar por alguma coisa me despindo, mas afirmo com força que minhas palavras já causaram o mesmo espanto que talvez se eu tivesse tirado a roupa sofreria menos preconceito. Na verdade o que impera ainda é a falsa moralidade, essa indignação de alguns nada mais é para esconder seus próprios horrores pessoais e apenas um corpo nu não revela a maldade, revela mesmo a maldade da mente que protestou...pois não se acostumou com a verdade doída tão cruamente assim na cara, com a miséria humana tão exposta e vista...

Somos capazes do que há de melhor e pior...é só questão de escolha...então se tem gente que acha normal matar, adulterar, agredir crianças e mulheres, ofender os semelhantes, viver na hipocrisia, explorar empregados de forma escravocrata...andar pelado por aí realmente é agressivo? Será que tirar a roupa e se comportar de uma maneira pouco convencional é mesmo uma atitude assim tão medonha? Se não é, então por que os espanto?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O perfeito idiota de classe média brasileiro por Adriano Silva





 Ele não faz trabalhos domésticos. Não tem gosto nem respeito por trabalhos manuais. Se puder, atrapalha o trabalho de quem pega no pesado. Aprendi isso em criança: só enfia o pé na lama com gosto quem nunca teve o desgosto de ir para o tanque na área de serviço, depois, esfregar o tênis ou a chuteira debaixo de água fria. Só deixa um resto de bebida secar no fundo de um copo quem nunca teve que fazer o malabarismo de meter a mão lá dentro com uma esponja, com a barriga encostada na pia, para tentar lavá-lo.


Trata-se de uma tradição lusitana, ibérica, que vem sendo reproduzida aqui na colônia desde os tempos em que os negros carregavam em barris, nas costas, a toilete dos seus proprietários, e eram chamados de “tigres” – porque os excrementos lhes caíam sobre as costas, formando listras que lembravam a pelagem do animal. O perfeito idiota de classe média brasileiro, ou PICMB, não ajuda em casa também por influência da mamãe, que nunca deixou que ele participasse das tarefas – nem mesmo por ou tirar uma mesa, nem mesmo arrumar a própria cama. Ele atira suas coisas pela casa, no chão, em qualquer lugar, e as deixa lá, pelo caminho. Não é com ele. Ele foi criado irresponsável e inconsequente. É o tipo de cara que pede um copo d’água deitado no sofá. E não faz nenhuma questão de mudar. O PICMB é um especialista em não fazer, em fazer de conta, em empurrar com a barriga, em se fazer de morto. Ele sabe que alguém fará por ele. Então ele se desenvolveu um sujeito preguiçoso. Folgado. Que se escora nos outros, não reconhece obrigações e que adora levar vantagem. Esse é o seu esporte predileto – transformar quem o cerca em seus otários particulares.

O tempo do perfeito idiota de classe média brasileiro vale mais que o das demais pessoas. É a mãe que fura a fila de carros no colégio dos filhos. É a moça que estaciona em vaga para deficientes ou para idosos no shopping. É o casal que atrasa uma hora num jantar com os amigos. A lei e as regras só valem para os outros. O PICMB não aceita restrições. Para ele, só privilégios e prerrogativas. Um direito divino – porque ele é melhor que todos os outros. É um adepto do vale tudo social, do cada um por si e do seja o que deus quiser. Ele só tem olhos para o próprio umbigo e os únicos interesses válidos são os seus.

O PICMB é o parâmetro de tudo. Quanto mais alguém for diferente dele, mais errado esse alguém estará. Ele tem preconceito contra pretos, pardos, pobres, nordestinos, baixos, gordos, gente do interior, gente que mora longe. E ele é sexista para caramba. Mesma lógica: quem não é da sua tribo, do seu quintal, é torto. E às vezes até quem é da tribo entra na moenda dos seus pré-julgamentos e da sua maledicência. A discriminação também é um jeito de você se tornar externo, e oposto, a um padrão que reconhece em si mas de que não gosta. É quando o narigudo se insurge contra narizes grandes. O PICMB adora isso.

O perfeito idiota de classe média brasileiro vai para Orlando sempre que pode. Seu templo, seu centro de peregrinação, é um outlet na Flórida. Acha a Europa chata. E a Ásia, um planeta esquisito com gente estranha e amarela que não lhe interessa. Há um tempo, o PICMB descobriu Nova York – para onde vai exclusivamente para comprar. Ficou meia hora dentro do Metropolitan, uma vez, mas achou aquilo aborrecido demais. Come pizza no Sbarro. Joga lixo no chão. Só anda de táxi – metrô, com a galera, nem em Manhattan. Nos anos 90, comprava camiseta no Hard Rock Cafe. Hoje virou um sacoleiro em lojas com Abercrombie & Fitch e Tommy Hillfiger. Depois de toda a farra, ainda troca cotoveladas no free shop para comprar uísque, perfume, chocolate e maquiagem. O PICMB é, sobretudo, um cara cafona. Usa roupas de polo sem saber o lado por onde se monta num cavalo. Nem sabe que aquelas roupas são de polo. Ou que polo é um esporte.

O PICMB adora pagar caro. Faz questão. Não apenas porque, para ele, caro é sinônimo de bom. Mas, principalmente, porque caro é sinônimo de “cheguei lá” e “eu posso” e “veja o quanto eu paguei nesse relógio ou nessa calça da Diesel”. Ele exibe marcas como penduricalhos numa árvore de natal. É assim que se mostra para os outros. Se pudesse, deixaria as etiquetas presas aos itens do vestuário e aos acessórios que carrega. O PICMB é jeca. É brega. Compra para se afirmar, para compensar o vazio e as frustrações, para se expressar de algum modo. O perfeito idiota de classe média brasileiro não se sente idiota pagando 4 000 reais por um console de vídeo game que custa 400 dólares lá fora. Nem acha um acinte pagar 100 000 reais por um carro que vale 25 000 dólares. Essa é a sua religião. Ele não se importa de ficar no vermelho – a preocupação com ter as contas em dias é para os fracos. Ele é o protótipo do novo rico burro. Do sujeito que acha que o bolso cheio pode compensar uma cabeça vazia.

O PICMB é cleptomaníaco. Sua obsessão por ter, e sua mania de locupletação material, lhe fazem roubar roupão de hotel e garrafinha de bebida do avião e amostra grátis de perfume em loja de departamento. Ele pega qualquer amostra de produto que esteja sendo ofertada numa degustação no supermercado. Mesmo que não goste daquilo. O PICMB adora boca livre e hotéis “all inclusive”. Ele adora camarote – quando ele consegue sentir o sangue azul fluindo em suas veias. Ele é a tradução perfeito do que é um pequeno burguês.

O perfeito idiota de classe média brasileiro entende Annita. Vibra com Latino. Seu mundo cabe dentro do imaginário do sertanejo romântico. Ele adora shows megaproduzidos, com pirotecnia, luzes e muita coreografia, cujos ingressos custem mais de 500 reais – mesmo que ele não conheça o artista. Ele não se importa de pagar uma taxa de conveniência escorchante para comprar esse ingresso da maneira mais barata para quem lhe vendeu – pela internet.

E o PICMB detesta ler. Comprou “50 Tons” para a mulher. E um livro de autoajuda para si mesmo. Mas agora que a novela está boa ficou difícil achar tempo para ler.

domingo, 2 de novembro de 2014

O Golpe...





Agora, uma semana depois das eleições e da vitória de Dilma Rousseff, os derrotados inconformados exigem um golpe. Isso mesmo, um golpe!
Pelo jeito a democracia brasileira não tem mesmo valor algum para essa gente, pois passou-se todo o período eleitoral falando dela, em sua defesa, acusando os petistas e os governistas de não serem leais à ela e blá, blá...e de repente, com a derrota nas urnas...apenas por ódio e nada mais que isso...eles querem destruir justamente ela que diziam tanto defender...


Afinal de contas, senhores derrotados, o que querem? Destruir o que custou tanto para se alcançar? Querem que o horror da ditadura volte a reinar e que a liberdade que tanto custou e caro, se dissolva por causa de uma insanidade?
Que espécie de brasileiros são vocês? Que patriotismo troncho é esse? A democracia, ou governo do povo, da maioria, impera que se aceite o resultado das urnas, pois foi legítimo. 


Se o candidato da mudança para trás tivesse ganhado as eleições, estariam felizes louvando a santa democracia, mas já que o resultado não foi o esperado querem um golpe...quem anseia por golpe tem ódio e muito ódio também da democracia, pois ela e somente nela é possível haver um resultado diverso, pois depende do humor do eleitor, da vontade dele e isso é o que determina tudo.


Portanto, caros golpistas, assumam que nunca foram democratas e assumam também que justiça, igualdade e democracia nunca fizeram parte do vocabulário de vocês, apenas os próprios interesses e nada mais.
Aí fica a pergunta: até quando essa baixaria vai continuar? Até quando os que odeiam o Brasil vão espernear? Coisa triste é gente recalcada..