segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A Vitória



Enfim, depois de tanto sangue, suor e lágrimas, ela venceu. Ninguém foi mais merecedor desse resultado que ela. Essa mulher foi ultrajada das formas mais torpes por famosos e anônimos. As demostrações de ódio cresciam em efeito cascata e gente que não tinha opinião formada, por um impulso de querer ser da "onda", adquiria uma macabra necessidade de xingar, agredir, humilhar e desqualificar alguém que apenas estava tentando, como todos nós, estamos também tentando.



A mídia amaldiçoou essa mulher das formas mais insanas possíveis, o país se dividiu em pobres e ricos, negros e brancos, homens e mulheres, progressistas e reacionários e quem teve a coragem de escolher seu lado e defendê-lo, pagou um preço alto, mas nenhum tão alto quanto o dela, o dela foi alto demais. Essa senhora simples de sotaque mineiro foi chamada de assassina, terrorista, bruxa, feia, cachorra, questionaram sua sexualidade, criaram factoides, acusações falsas, tentaram um impeachment, a agrediram na frente de outros chefes de Estado, enfim, a violência foi imperativa.



Com relação a isso tenho uma opinião muito particular: para governar estava de um lado um homem, rico, bonito, charmoso, casado com uma linda mulher, herdeiro das oligarquias...de outro uma mulher, idosa, gorda, com sotaque roceiro, divorciada, oriunda da esquerda, tendo uma herança de militância armada...foi aí que nossos mais íntimos preconceitos sociais vieram à tona...como uma avalanche...



O machismo de muitos que não suportam ser governados por uma mulher explodiu, a ditadura da beleza daqueles que querem as mulheres como objetos de marketing saltou, o preconceito religioso e sexual transbordaram e de repente, vieram à forra todos os nossos ancestrais de colonizadores escravocratas, homens que não respeitam as mulheres e as mulheres que não se respeitam, como se estivessem guardados em um baú que foi aberto...é, nós mudamos sim, mas superficialmente, porém, a nossa estrutura ainda é arcaica, escravocrata, mesquinha e cruel.


A vitória veio, mas não terá sentido completa se novos problemas não forem debatidos com a sociedade, enquanto as mulheres não tiverem um real respeito, enquanto os trabalhadores não forem respeitados como cidadãos, enquanto as crianças não descobrirem o que é cidadania...agora o desafio está lançado e aí sim, com sua resolução poderemos gritar com força: vitória !!!!!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A Barbárie...



Tenho visto estarrecida nesta reta final de campanha, mais nitidamente, pois isso já existia, uma saraivada de absurdos e grosserias a pessoas que simplesmente votam diferente do outro. Existe realmente, nos dois lados, pessoas que se sentem acima da lei, da afabilidade, da tolerância, da civilidade e simplesmente, gratuitamente, agridem as pessoas que tem opiniões diversas, vidas diversas, pensamentos diversos sem a menor reflexão dos absurdos que estão proferindo. 

Isso é visível nos debates, nas postagens da internet, nas discussões de esquinas ou bares, em qualquer lugar...e isso é preocupante. O que pode incomodar tanto alguém se eu voto em Dilma e seja lá quem vota em Aécio? Lamento a escolha, mas necessito respeitar, cada um sabe o que quer e como quer a sua vida, mas agredir, incitar o ódio, proferir palavras grosseiras e até mesmo de baixo nível...por quê? Para quê? 

Será que foi inútil que aqueles jovens sofreram nos porões da ditadura para que um dia a liberdade existisse, ou pessoas foram exiladas e mortas pelo mesmo fim? Para em 2014 estarmos nesse nível? Que espécie de democracia é essa? Que espécie de gente é essa? 

Todos tem o mesmo direito de fazer as escolhas que desejarem, o voto então deve ser consciente e bem pensado, fiz minha escolha, quero mantê-la, faço campanha, argumento, respondo a críticas, exponho o que penso, mas nunca serei capaz de dizer a quem quer que seja que a escolha dele ou dela é querer defender o imoral ou ilegal...

Quem sou eu para acreditar que tenho alguma autoridade sobre a escolha do outro? Quem sou eu para acreditar que estou do lado "certo" e corro para agredir quem está do lado "errado"? Estamos nos encaminhando para a barbárie? É isso mesmo? Não, não tolero barbaridades, quero e exijo RESPEITO.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A velha política...





Ontem, quando soube do apoio de Marina Silva a Aécio Neves, não fiquei nem um pouco surpresa, pois para mim, tal ato já era esperado e só não consegui entender a demora, o suspense. Acredito eu, que ela queria negociar propostas em troca de tal apoio e um deles, como todos sabem, seria o fim da reeleição. Pois muito bem, o candidato aceitou, mas só em 2022, ou seja, quando ele, caso seja eleito, for presidente e se reeleja. 

Em que pé ficou a situação? Em pé nenhum, pois ele apenas ganhou tempo e quando essa data chegar, nada irá mudar, porque ele não tem compromisso com Marina Silva, apenas com a própria campanha. E foi a custa de corrupção (Mensalão Tucano) que o PSDB criou a reeleição, com isso mostra que eles não querem que ela acabe. 

O que representa tal atitude para ela? Creio que dessa forma, seu discurso de nova política que já era bem questionável, morreu de vez e se sepultou, ela se tornou uma piada, alguém sem credibilidade entre os eleitores, seu partido, a Rede, vai se sustentar? E ela própria irá? Pouco provável, pois saiu desta eleição, não pela derrota de agora, mas devido a esse apoio, sem crédito entre os eleitores da nova política, e o pior e mais grave, mostrou com isso que mesmo tendo imposto condições para dar apoio a Aécio, foi só ele dizer não, que ela cedeu ao que não queria, mostrando mais uma vez fraqueza diante do que se esperava ser seus ideais. Aí eu pergunto: quem acredita agora na "nova política"?

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O que é mais importante?



Vejo com muita clareza, mas nada surpresa, o que está acontecendo nestas eleições. Agora a disputa é velha e conhecida PT x PSDB e veremos o que vai acontecer. No entanto, a grande questão não é essa, nem talvez quem vai ganhar as eleições, mas a mais importante de todas: e onde fica a honestidade dos que defendiam ardorosamente a candidatura de Marina Silva? 


Quando os escândalos envolvendo o PT começaram a aparecer e o nome da presidente ser citado, a onda Fora PT que já existia se intensificou, até aí entendível, as pessoas envolvidas em uma revolta por todos os escândalos....mas tanto Marina Silva e o candidato Aécio Neves, tiveram seus nomes envolvidos em escândalos, no tocante a ele, de proporções históricas, pois seu partido sempre esteve envolvido nos maiores escândalos e ele próprio já protagonizou cenas de corrupção, embriaguez, censura, enfim, o habitual de certos políticos...


Então a pergunta que não quer calar: o que é mais importante? Não era a honestidade? A ética na política e a decência? E por que agora não é mais? Esse movimento que fala que quer o PT de fora para acabar com a roubalheira, perde totalmente o nexo, pois o candidato oposicionista que aí está não pode falar de desonestidade...de ninguém...


Então aqueles defensores ardorosos da honestidade na verdade nunca se preocuparam com isso, apenas querem tirar o PT, pois se o problema é roubalheira...e por falar em PT, com ou sem roubalheira, protagonizou o que muita gente não quer se perpetuar: nordestino melhorando de vida, pobre tendo acesso a bens de consumo e universalização das políticas sociais: isso é o mais importante, o resto é conversa fiada...

domingo, 5 de outubro de 2014

E agora recomeça...






Urnas apuradas, votos contabilizados e resultados concretizados, vê-se o cenário de segundo turno sacramentado. Assim como era no princípio, Dilma Rousseff e Aécio Neves vão disputar as eleições em mais uma rodada. 

Marina, após a morte de Eduardo Campos cresceu imensamente, certas pessoas diziam convictas que ela já estava eleita mesmo faltando um mês para as apurações, as pesquisas apontavam a vitória dela como certa no segundo turno e outros comemoravam o fim da polarização PT/PSDB que existe há vinte anos. Tudo coisa de momento. A polarização ficou apenas mais acirrada com a presença de Marina Silva e outro fato veio à tona: as inconsistências dela, de seu discurso e sua aliança com a extrema direita não vingaram...sua pose de quem está acima do bem e do mal e sua proposta de governo que ao mesmo tempo cortava gastos públicos e ampliava direitos sociais não vingou, não vingaria, pois qualquer um sabe que não se pode investir e economizar ao mesmo tempo, as contas dessa proposta não são nada coerentes. 


Então veio o esperado, o usual, o que sempre se cogitou não fosse a tragédia de Campos, tudo voltou ao seu estado normal e as pessoas escolheram propostas mais claras e concretas. Agora o cenário é o mais concreto, as pessoas agora sabem onde estão pisando, das propostas temos os desenvolvimentistas com viés esquerdista e os neoliberais...quem irá vencer? O povo é quem escolhe, decisão soberana dele, mas vale ressaltar algo: não se pode falar em corrupção como escudo, pois ambas as candidaturas tem seus partidos envolvidos em escândalos, uns com pessoas condenadas e presas , outros impunes, uns com serviços prestados na década passada e os resultados estão para quem se lembra ou é curioso, outros com serviços mais atuais...agora é só comparar e decidir...


O que o povo quer? Mercado financeiro, mídia, bancos, crimes sem punição ou justiça social, investimentos em educação, corruptos presos, políticas sociais valorizadas e melhorias na vida dos mais simples? Isso é o povo quem vai decidir...

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Reta Final por Geovany Dantas



Faço aqui minhas impressões sobre a campanha que se encerra. Destaco desde já que não tenho nenhuma pretensão de ser imparcial, pois quem me conhece sabe em quem eu vou votar. Ainda assim, isso não me impede de fazer uma leitura crítica daquilo que vi e li ao longo desses dias. 

Dilma apontou no início da campanha para Aécio, depois apontou para Marina, que no início não apontava para ninguém e passou a apontar para Dilma e para Aécio, que apontava para as duas. Esta campanha viu o fim (será?) da polarização que domina a política brasileira há 20 anos.


Das que eu vivenciei nunca uma campanha presidencial se desenrolou com tantos lances imprevisíveis. E das que eu vivenciei nunca uma campanha teve um nível tão baixo quanto esta, dado o alto grau de ódio (de parte a parte) destilado pelas redes sociais nos espaços de comentários. Dessas discussões eu corria.


 Aqui e acolá surgiam lapsos de discussões sólidas e sem descambar para a desqualificação barata. Participei em alguns momentos.
Como um evento inimaginável coloca no centro da disputa alguém a quem foi reservado, no início do processo, o papel de coadjuvante. E como foi fácil ver uma candidata subir tão extraordinariamente nas intenções de voto e, igualmente rápido, cair. E nunca uma candidata deu tantos motivos para ter seu discurso descontruído. Sim estou falando de Marina.
 Se há uma “nova política”, nenhum dos candidatos a representa e sabe o motivo pelo qual eu penso assim?
 Não vejo a ascensão de uma “nova política” sem reforma política de cabo a rabo.
 

Nunca ficaram tão evidentes as aberrações em termos de alianças partidárias. Aqui estou falando de todas as coligações. Mais uma vez a reforma política se faz necessária, venha em que governo vier e com participação da população.
 Apesar de serem francos atiradores, Luciana Genro e Eduardo Jorge trouxeram para o debate assuntos que normalmente os candidatos mais bem posicionados não o fariam ou ficariam em cima do muro, sem falar que a primeira deu um sacode nos discursos dos três principais candidatos.
 Como tivemos debates tão pouco esclarecedores como nesta eleição.
 

Pausa para o RN: Deus continue a proteger nosso pequeno elefantinho nos próximos quatro anos. Nunca tinha visto uma campanha com candidatos ao governo tão ruins como nesta.
 Saúde, educação e segurança continuam sendo as palavras mágicas dos candidatos.
 Nunca tantos filhos, esposas, irmãos, gato, cachorro, periquito, papagaio, etc foram colocados na disputa para “continuar o nosso trabalho”.


 Como um sistema de eleição pode ser tão parasita como o proporcional (aquele que elegem os deputados federais e estaduais). Explico: o parasitismo não é com a coligação adversária, mas, sim dentro da própria coligação. Se alguém me explicar o motivo disso eu posso até mudar meu posicionamento.
 Mais uma vez nossa chamada “grande imprensa” tinha suas preferências, mas não as deixou evidente.
 E que ganhe quem o POVO quiser que ganhe!
Fica o registro